É comum dentro das clínicas de reprodução assistida ouvirmos a expressão “turismo reprodutivo”, embora a maioria das pessoas não saiba exatamente o seu significado. Realizar “turismo reprodutivo” significa que um casal infértil deslocou-se do local onde vive para outro, em busca de algum tipo de tratamento em reprodução assistida que seu local de moradia não oferece. Esta “viagem”pode englobar grandes distâncias, inclusive troca de países e até continentes.
Recente matéria publicada no jornal New York Times coloca que americanos têm viajado grandes distâncias para países como África do Sul, Israel, Alemanha e Canadá, onde os custos da reprodução assistida são mais baixos. Entretanto, o custo não é a única motivação. Outras causas mobilizam os casais a viajarem em busca de tratamento, como:
– proibição de determinadas técnicas de reprodução assistida por motivos éticos e/ou religiosos nos seus países de origem;
– falta de tecnologia adequada para realização de reprodução assistida.
O que chama atenção é o termo usado para definir esta situação. Usualmente, a palavra “turismo” nos remete
à ideia de lazer, descanso e divertimento e o que vemos nestes casos são casais buscando, muitas vezes desesperadamente, a tão sonhada gestação, mas isto às custas de viagens desgastantes, múltiplos tratamentos, contato com profissionais que muitas vezes falam outro idioma, entre outras situações de stress.
Assim, talvez revisar a terminologia empregada para designar esta condição de deslocamento em busca de tratamento seja hoje uma discussão a ser tomada pelas sociedades de reprodução humana.
Por Isabel de Almeida – Porto Alegre