Em 1° de outubro de 2015, a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) emitiu sua opinião sobre a exposição humana a substâncias químicas tóxicas no International Journal of Gynecology and Obstetrics. Em parecer escrito por ginecologistas, obstetras, cientistas, profissionais de saúde reprodutiva e instituições médicas e de ensino,a FIGO relacionou produtos químicos a diversos problemas de saúde.
Nascimento após aborto, crescimento fetal restrito, malformações congênitas, neurodesenvolvimento prejudicado, aumento doscasos de câncer e comportamentos de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), entre outros problemas, estão na lista dos péssimos resultados de saúde relacionados a produtos químicos, como pesticidas, poluentes do ar, plásticos e solventes, segundo o parecer da FIGO.
Especificamente sobre a saúde reprodutiva humana, Gian Carlo Di Renzo, MD, PhD, secretário honorário da FIGO e principal autor da opinião, diz que “estamos afogando nosso mundo em produtos químicos não testados e inseguros, e o preço que estamos pagando, em termos de nossa saúde reprodutiva, é de grande preocupação”.
Para Jeanne A. Conry, MD, PhD, coautora do parecer e ex-presidente do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, “a FIGO está dizendo que os médicos precisam fazer mais do que simplesmente aconselhar os doentes sobre os riscos para a saúde da exposição química” E acrescenta que é preciso “defender políticas que protejam pacientes e comunidades contra os perigos da exposição involuntária aos produtos químicos tóxicos”.
De acordo com o parecer da FIGO, a fabricação de produtos químicos deve crescer mais rápido nos países em desenvolvimento nos próximos cinco anos. Nos Estados Unidos, mais de 13 mil quilos de produtos químicos por pessoa são fabricados ou importados e a grande maioria dessas substâncias químicas não passaram por testes. Esses produtos viajam o mundo por meio de acordos comerciais internacionais e grupos ambientais e entidades médicas têm criticado a proposta de acordo para enfraquecer os controles e regulamentos destinados a proteger a população de produtos tóxicos.
A exposição da população a produtos químicos tóxicos está associada a milhões de mortes e ao custo de bilhões de dólares anualmente, de acordo com a FIGO. Por exemplo, quase 4 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência da exposição à poluição do ar interior e exterior. Na Europa, os custos com a saúde decorrentes da exposição a desreguladores endócrinos são estimados, no mínimo, em 157 bilhões de euros por ano.
Diante do acúmulo de evidências sobre os impactos adversos à saúde relacionados a substâncias químicas tóxicas, incluindo o potencias de elas provocarem danos à saúde reprodutiva humana, a FIGO propõe uma série de recomendações que os profissionais de saúde podem adotar para reduzir a carga de produtos químicos tóxicos em pacientes e na população em geral. Entre as recomendações, médicos, enfermeiras, parteiras e demais profissionais de saúde reprodutiva devem defender políticas para prevenir a exposição a produtos químicos tóxicos, trabalhar para assegurar um sistema alimentar saudável para todos, fazer parte dos cuidados sobre saúde ambiental e colaborar com a justiça ambiental.