Recente matéria publicada em jornal abordou o tema inseminação caseira, que é uma forma de engravidar sem relações sexuais e sem a ajuda de um serviço de reprodução assistida.
Essa prática, que se difunde basicamente pelas redes sociais, tem possibilitado que casais homoafetivos formados por mulheres ou mulheres que buscam uma gestação independente possam gestar. O principal benefício apontado por quem vem utilizando a técnica é o baixo custo do procedimento quando comparado com os valores cobrados pelos serviços de reprodução assistida.
Entretanto, essa prática não é isenta de riscos, uma vez que os bancos de sêmen realizam uma triagem muito criteriosa dos potenciais doadores. Além disso, os mesmos realizam testes genéticos e pesquisa de infecções sexualmente transmissíveis, como gonorreia, Clamídia, sífilis, HIV, hepatites, Zika vírus, entre outras. Um aspecto muito importante é que os exames de sangue para infecções sexualmente transmissíveis são realizados duas vezes, com intervalo de alguns meses após a coleta, sendo o sêmen liberado para uso somente se as duas coletas forem negativas. Isso permite detectar aqueles casos em que o doador se contaminou muito recentemente com uma infecção sexualmente transmissível e o primeiro exame deu negativo, porque era muito cedo, mas na segunda coleta dará positivo, evitando que ele transmita a infecção para a mulher inseminada. Nas doações caseiras esse controle não existe, podendo haver a possibilidade de contaminação.
Também, as inseminações caseiras não garantem que o bebê nascido seja registrado no nome das duas mulheres, no caso de casais homoafetivos. É necessário que o casal entre na Justiça para garantir esse direito.
No Brasil, as inseminações com banco de sêmen garantem o anonimato do doador. Na inseminação caseira, a criança no futuro poderá requerer a paternidade do doador. Existe também um controle geográfico das amostras de sêmen nos bancos. Todos os serviços de reprodução assistida notificam os bancos de sêmen quando as pacientes engravidam e ganham bebês, de maneira que os bancos controlam as amostras enviadas para que não haja repetição sem controle. Na inseminação caseira, um mesmo doador pode engravidar várias mulheres em uma mesma região, criando a possibilidade de que essas crianças possam vir a se relacionar no futuro, uma vez que não existe registro ou controle no número de doações realizadas.
Dessa forma, embora utilizada no Brasil e outros países, a inseminação caseira não é um procedimento isento de riscos para a mãe e o bebê e é importante que as mulheres conversem com seus médicos antes de realizarem esses procedimentos.