A endometriose é uma doença crônica antiga: pesquisas apontam que já era descrita há mais de 4000 anos. A principal característica desse problema é a presença do endométrio – tecido que reveste internamente o útero – fora da cavidade uterina, podendo se localizar nas tubas uterinas, nos ovários, na bexiga, no intestino e até mesmo em órgãos distantes como pulmão e cérebro. Sangramentos, aderências, dor pélvica crônica, desconforto nas relações sexuais e até mesmo a infertilidade são algumas das consequências.
O interessante é que, embora seja uma doença muito antiga, durante muitos séculos foi desvalorizada, sendo associada ao período menstrual, pois as mulheres reclamavam de dor pélvica e eram chamadas de histéricas por isso. Ainda hoje, a queixa de dor pélvica crônica, associada ou não ao período menstrual, é subvalorizada, levando a um atraso no diagnóstico da endometriose. Estudos mostram que são necessários, em média, 6 a 7 anos até que uma mulher seja corretamente diagnosticada com endometriose.
Desta forma, com os recursos diagnósticos que temos hoje, devemos tentar fazer o diagnóstico de endometriose o mais rápido possível para prevenir complicações como a infertilidade e melhorar a qualidade de vida de quem sofre com essa doença. O tratamento deve ser individualizado a cada paciente, podendo ser cirúrgico ou medicamentoso. Cada vez mais, vemos que a endometriose é uma doença com várias apresentações e que seu desenvolvimento varia de mulher para mulher, dependendo também de fatores ambientais e genéticos.
Dra. Isabel de Almeida