O avanço das técnicas de reprodução assistida tem proporcionado aos casais a possibilidade de guardar os embriões excedentes obtidos em um ciclo de fertilização “in vitro”, fazendo com que os mesmos possam ser transferidos para o útero meses ou anos depois, sem que a mulher necessite realizar todo o procedimento novamente.
Calcula-se que existam aproximadamente 25.000 embriões congelados em clínicas de reprodução assistida no Brasil. Não existe um tempo limite após o qual o embrião perca a sua viabilidade e já existem nascimentos de embriões congelados há mais de 10 anos. Entretanto, problemas podem surgir quando o casal não deseja mais transferir os embriões guardados. Pela legislação brasileira, estes embriões que não vão ser utilizados pelo casal não podem ser descartados, só havendo duas destinações possíveis:
– doá-los para pesquisa com células-tronco;
– doá-los para um outro casal infértil.
Além disto, os embriões congelados só podem ser transferidos para o útero se o casal concorda com este procedimento. No caso de separação ou morte de um dos cônjuges, estes embriões não poderão ser utilizados por apenas um dos membros do casal e terão de ser doados para pesquisa ou para um casal infértil.
Justamente porque estas questões são complexas e envolvem muitas vezes aspectos religiosos, morais e éticos, é que a discussão sobre o congelamento e o destino dos embriões deve ser feita antes da realização da fertilização “in vitro”. Nos casos onde o congelamento de embriões vai totalmente contra os conceitos éticos e/ou religiosos do casal, pode-se realizar o congelamento de óvulos como alternativa. As taxas de gestação utilizando óvulos congelados ainda são inferiores às obtidas com embriões congelados, mas pode ser a alternativa mais viável para alguns casais.
Por Dra. Isabel de Almeida