Como pacientes oncológicos podem preservar a fertilidade?

No cenário de pandemia, o futuro é incerto e precisamos nos resguardar. Porém, as urgências médicas continuam existindo, como no caso de pacientes oncológicos. Neste grupo, uma das principais questões envolve os tratamentos de preservação da fertilidade. 

 

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, estima-se que, neste ano, sejam diagnosticadas cerca de 316.00 com neoplasias. Muitas ainda desejam engravidar, o que potencializa a preocupação com a gravidez o futuro. Os tratamentos de radio e quimioterapia, além das cirurgias que possam afetar os ovários e o uso de medicamentos, podem afetar consideravelmente a fertilidade da mulher. É direito de toda a paciente ter acesso às informações sobre as opções de preservação da fertilidade. Recomenda-se que as portadoras de câncer se consultem com um especialista em reprodução assistida, sempre que possível, antes de iniciarem o tratamento oncológico. 

 

Assim, poderão receber informações sobre idade, reserva ovariana, técnicas disponíveis e tempo necessário aos procedimentos, bem como taxas de gravidez em tratamentos futuros que utilizam o congelamento de óvulos. As alternativas contemplam:

 

  • Congelamento de embriões: recomendado às mulheres que tenham parceiro. A paciente é submetida à estimulação da ovulação, coleta de óvulos e realização da fertilização in vitro, com congelamento dos embriões para uso futuro. As taxas de gravidez variam conforme a idade da mulher.
  • Congelamento de óvulos: indicado para mulheres que estão no período reprodutivo e têm boa reserva ovariana. Realiza-se a estimulação ovariana para coletar os óvulos maduros, que serão congelados. Esses óvulos são aplicados na fertilização in vitro. A idade e o número de óvulos são os principais fatores que influenciam nas chances de sucesso.
  • Congelamento do tecido ovariano: técnica mais moderna de preservação da fertilidade e é ideal para meninas que não atingiram a puberdade ou mulheres que não podem atrasar o tratamento oncológico. É uma forma de preservar milhares de foliculos ovarianos. O tecido é obtido por cirurgia, retirando-se pequenos fragmentos do ovário congelado. 
  • Bloqueio ovariano com medicação: tratamento medicamentoso para proteção ovariana que pode ser oferecido para pacientes específicas durante a quimioterapia. Não deve ser o principal método para quem pode optar por outros. 
  • Realocação dos ovários: recomendado a pacientes que serão submetidos a radioterapia da região pélvica. Os ovários são deslocados da localização atual por meio de cirurgia para outra região do abdômen. 

 

O cuidado reprodutivo é muito importante e não deve ser deixado de lado. A paciente deve ter uma conversa com o médico para avaliar os riscos e benefícios, visando sempre à sua boa qualidade de vida. A orientação deve ter continuidade neste período, pois preservar a fertilidade é uma urgência e exige todos os cuidados necessários.