Nos últimos anos, o número de homens que busca a paternidade em idades mais avançadas vem aumentando e, com isso, o interesse sobre os efeitos do envelhecimento na fertilidade masculina também aumenta. Entre os principais motivos para este fenômeno está os avanços das técnicas de reprodução assistida. Além da idade, existe também outro fator decisivo na fertilidade masculina: o câncer de próstata.
Apesar de haver certa mobilização em prol da conscientização da doença, pouco se fala sobre como ela pode levar o homem à infertilidade.
Em sua fase inicial, o câncer da próstata pode ter uma evolução muito silenciosa e, comumente, assintomática ou com sintomas semelhantes aos do crescimento benigno da próstata, como a dificuldade ou necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
Em comemoração ao primeiro ano de funcionamento do Centro de Fertilidade do Moinhos de Vento, aliado ao Novembro Azul – mês de conscientização sobre o câncer de próstata, batemos um papo com o Dr. Eduardo Pandolfi Passos, Chefe do Serviço de Fertilidade e Reprodução Assistida do Hospital Moinhos de Vento para esclarecer alguns pontos e falar um pouco sobre o papel do Centro de Fertilidade do Moinhos de Vento.
São muitos os fatores que envolvem a infertilidade do homem, entre eles, o sedentarismo, a obesidade, a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, o tabagismo e o câncer de próstata.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os homens também perdem a sua fertilidade, ainda que com intensidade e velocidade menor do que as mulheres. O avanço da idade é um dos principais fatores na infertilidade masculina, quando a quantidade e a qualidade dos espermatozoides diminui, e a probabilidade de desordens genéticas e cromossômicas na prole é maximizada.
Embora seja o andrologista o médico especialista em saúde do homem e suas funções reprodutivas e sexuais, geralmente é um ginecologista o primeiro médico a iniciar a avaliação da fertilidade do homem, já que é ele que avalia a fertilidade de um casal. Nesta primeira etapa, o espermograma será o principal exame que vai identificar a quantidade e qualidade dos espermatozoides. Uma vez evidenciada alguma alteração, outros exames hormonais e de imagem e até testes funcionais no sêmen podem ser requisitados.
No caso de pacientes oncológicos, é comum que estes apresentem alteração de qualidade e quantidade espermática. Principalmente em razão da tratativa da doença: a quimioterapia e a radioterapia, por exemplo, interferem diretamente na fertilidade masculina e, por isso, a informação sobre o congelamento do sêmen antes de tratamento oncológico é a maneira mais simples de orientar o paciente sobre a preservação da fertilidade.
O Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento vem cumprindo este papel de informar e orientar no processo de reprodução assistida e preservação da fertilidade em casos de câncer. No atendimento são solicitados aos pacientes exames prévios ao congelamento e à coleta da amostra seminal, cujo material é processado e fica armazenado para uso posterior. Em casos onde a cirurgia de próstata foi realizada sem congelamento prévio, pode-se ainda coletar espermatozóides do testículo através de uma biópsia, onde busca-se identificar espermatozoides para congelamento e uso posterior.